A partir de 4 de junho de 2025, o Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro recebe a exposição “Ancestral: Afro-Américas”, que reúne cerca de 160 obras de artistas negros do Brasil e dos Estados Unidos. A mostra propõe um mergulho nas heranças e conexões entre as culturas afrodescendentes das Américas, destacando a força da arte como ferramenta de resistência e afirmação identitária.
Com curadoria de Ana Beatriz Almeida e direção artística de Marcello Dantas, a exposição ocupa todas as oito salas do primeiro andar do CCBB RJ. Nomes consagrados como Abdias Nascimento, Simone Leigh, Arthur Bispo do Rosário, Rosana Paulino, Kara Walker, Sonia Gomes, Lorna Simpson e Julie Mehretu compõem o elenco de artistas. A exposição também apresenta obras inéditas e trabalhos criados especialmente para a ocasião, como o do norte-americano Nari Ward, produzido em solo brasileiro.
“Queremos mostrar como a ancestralidade africana se manifesta, resiste e se transforma, mesmo após séculos de diáspora e sofrimento. A palavra ‘ancestral’, comum em inglês e português, simboliza essa origem compartilhada que buscamos evidenciar”, afirma Marcello Dantas.
Três núcleos temáticos
Organizada em três eixos – corpo, sonho e espaço –, a mostra propõe leituras poéticas e políticas sobre a presença negra nas Américas. No núcleo corpo, a representação de pessoas negras em obras de arte é tratada como ato de resistência e reconfiguração de narrativas. Estão reunidos trabalhos de artistas como Benny Andrews, Carlos Martiel e Dalton Paula.
Já o segmento espaço trata da criação de mundos e do pertencimento, destacando artistas como Leonardo Drew e Caroline Kent. É nesse núcleo que se encontram também 26 “joias de crioula” – adornos usados por mulheres negras alforriadas no Brasil colonial, especialmente na Bahia. Mais do que ornamentos, essas peças funcionavam como instrumentos de emancipação social e financeira.
O núcleo sonho apresenta obras que expandem os limites da abstração. Entre os destaques estão Betye Saar, Sam Gilliam e Kevin Beasley, que utilizam formas e materiais para explorar heranças culturais e subjetividades.
Diálogo com a arte africana tradicional
Para aprofundar o elo com o continente africano, Ancestral: Afro-Américas inclui ainda um núcleo de arte tradicional africana com curadoria de Renato Araújo da Silva. São peças de povos como os Jorubá (Nigéria), Fon (Benim), Bijagó (Guiné-Bissau), Tchokwe (Angola) e Bakongo (República Democrática do Congo), oriundas da Coleção Ivani e Jorge Yunes.
“Esses objetos, que um dia tiveram funções espirituais e sociais, agora servem para conectar o público contemporâneo às raízes profundas da humanidade”, diz Araújo.
Participações inéditas
Além das obras já apresentadas em São Paulo e Belo Horizonte, a versão carioca da mostra conta com novidades, como trabalhos inéditos das brasileiras Gabriella Marinho e Gê Viana, e da norte-americana Simone Leigh, primeira mulher negra a representar os EUA na Bienal de Veneza. A jovem artista brasileira Mayara Ferrão também marca presença com obras que utilizam inteligência artificial para recriar cenas afetivas entre pessoas negras e indígenas, ausentes das narrativas históricas hegemônicas.
Compromisso com a cultura
A exposição é apresentada pelo Ministério da Cultura e pela BB Asset, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. Para Mário Perrone, diretor da BB Asset, o patrocínio reafirma o papel da instituição no apoio à cultura. “Investir em arte é investir em transformação social e no legado que deixamos para as próximas gerações.”
“Ancestral: Afro-Américas” permanecerá em cartaz no CCBB Rio até agosto de 2025. A entrada é gratuita.
Serviço
Exposição: Ancestral: Afro-Américas
Local: Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro (CCBB RJ)
Endereço: Rua Primeiro de Março, 66 – Centro
Data: De 4 de junho a agosto de 2025
Entrada gratuita Ingressos disponíveis na bilheteria física ou pelo site do CCBB – bb.com.br/cultura
Poderiam focar mais no jazz e no blues, muito presentes em New Orleans.