Lojistas não querem pagar o IPTU de 2020 e escrevem a Crivella

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Nesta segunda-feira (30/03), a Associação Brasileira de Shoppings Centers (Abrasce) e a Associação Brasileira de Lojistas de Shoppings (Alshop) divulgaram uma contundente carta conjunta pedindo às Prefeituras do país – e isso inclui, claro, o município do Rio de Janeiro, istrado por Marcelo Crivella, entre outras coisas, o não-pagamento das quotas de IPTU restantes referentes a 2020.

Segundo o Gerente do Shopping Paço do Ouvidor, Valdemar Barboza, “a Prefeitura Crivella desde que o Shopping ficou pronto, em 1994, é a prefeitura que mais aumentou o valor do IPTU das lojas. Num momento como este, simplesmente não há como pagar”. O Paço do Ouvidor é um dos shoppings filiados à ABRASCE no Rio de Janeiro. O centro de compras fim na esquina das ruas Gonçalves Dias, Ouvidor e Uruguaiana, na região central.

Os presidentes da Abrasce e da Alshop, respectivamente Glauco Humai e Nabil Sahyoun, autores da carta, argumentaram que o fechamento dos shoppings não eliminou as despesas mensais que os lojistas possuem, como custos com matéria-prima, fornecedores, salários dos funcionários, depósitos do FGTS, contribuições previdenciárias, entre outras. No mesmo sentido, outros players do mercado imobiliário querem o perdão do imposto predial deste ano.

Além do pedido em relação ao IPTU, a carta também solicita que haja a suspensão do pagamento do ISS; o refinanciamento de impostos municipais; a suspensão de prazos processuais istrativos e tributários; e a prorrogação automática, por 6 meses, dos prazos de vencimento e/ou renovação de expedição das Certidões Negativas de Débitos e/ou Positivas com Efeitos de Negativa, no âmbito municipal.

Segundo o relatório de Transparência Fiscal da Prefeitura do Rio, publicado em no final de 2017, a receita de IPTU da cidade do Rio de Janeiro representava naquele momento apenas 8,6% dos 37,4% da receita do Município que vem de impostos, ou seja, apenas 3,22% da receita municipal total viria dos pagamentos de IPTU.

Proprietários de imóveis e inquilinos se unem buscando a remissão do IPTU de 2020, por conta da pandemia que vem trazendo prejuízos a todos

“O IPTU do Rio de Janeiro, principalmente de imóveis construídos depois dos anos 90, é absolutamente escorchante, e num momento como este, é impagável”, disse à reportagem Wilton Alves, diretor de istração de imóveis da Sergio Castro Imóveis, conhecida a carioca. Segundo Wilton, “há uma enxurrada de proprietários de imóveis que tiram sua subsistência do aluguel destes imóveis, e se os inquilinos não conseguem pagar o aluguel, como os donos das propriedades vão arcar com este prejuízo?”.

Fonte: Relatório de Transparência da Prefeitura do Rio de Janeiro, fim de 2017 – IPTU representa menos de 3,5% da arrecadação do Município do Rio de Janeiro

Para André Toledo, da Block Imóveis, “a prefeitura precisa entender que, nos imóveis residenciais, as pessoas estão sem dinheiro para pagar IPTU; e nos comerciais, os lojistas e empresários nem sequer podem usar os imóveis, como vão pagar por algo que, neste momento, se tornou inutilizável?”. Não há polêmica no segmento imobiliário sobre o assunto, e todos dizem concordar com a carta conjunta das associações. Edison Parente, da a Renascença, disse ao DIÁRIO que “Essa ou qualquer outra medida que ajude a população a ar por esse momento de insegurança com a própria subsistência, é muito importante”.

Para o urbanista Washington Fajardo, “a prefeitura deveria suspender a cobrança das parcelas restantes de 2020 e cobrá-las em parcelas, a partir de 2021”. “Não dá pra não reconhecer o prejuízo dos comerciantes neste momento”, completou.

Em relação ao pedido ser ou não atendido, a istração Crivella ainda não deu resposta à solicitação das associações. O DIÁRIO DO RIO seguirá acompanhando a situação.

Confira, na íntegra, a carta elaborada pela Abrasce e a Alshop às Prefeituras:

Ao Exmo. Sr. Prefeito

Ref.: A crise do COVID-19 e os impactos no setor de Shoppings Centers.

A crise do COVID-19 está ameaçando a viabilidade do setor de shopping centers, com forte impacto sobre todo o varejo nacional. Nosso setor, responsável por quase 2,7% do PIB e mais de 3 milhões de empregos diretos e indiretos, é um vetor de desenvolvimento para os 222 municípios onde os shoppings estão presentes.

Os 577 shoppings do país abrigam mais de 105 mil lojistas, pequenos, médios, grandes e franquias, de diversos segmentos, tais como moda, restaurantes, academias, centros de saúde, além de prestadores de serviços os mais diversos.

Governos estaduais e municipais têm publicado decretos fechando shoppings enquanto os riscos à saúde forem elevados. Não sabemos quanto tempo estas medidas durarão e não questionamos as ações dos governos, todavia, precisamos pensar também nas milhares de empresas e nos milhões de empregos que dependem do nosso setor, pois os efeitos econômicos e sociais imediatos são extremamente graves e causam dúvidas.

Até quando os empregadores conseguirão sustentar a folha de pagamento? Além dos custos com matéria-prima, fornecedores, impostos e taxas, as obrigações com salários, férias, depósitos do FGTS, contribuições previdenciárias, são inadiáveis. Trabalhadores dependentes do emprego não têm condições de ar atrasos. A cadeia produtiva do setor é ampla e complexa, e envolve muitas pessoas, muitas famílias.

O diálogo com lojistas, fornecedores e colaboradores tem sido frequente. Ações que busquem a sobrevivência de empresas e manutenção de empregos têm sido formatadas, porém, a equação é complexa e tem como peça fundamental as ações dos governos, em seus três níveis, municipal, estadual e federal.

Assim sendo, apresentamos às Prefeituras as propostas do setor de shopping centers e varejo, para enfrentarmos de forma serena e organizada este período crítico, tanto para o Brasil, como para o mundo:

1) IPTU – Remissão das quotas remanescentes do IPTU lançado para 2020:

  • Tal medida tem por objetivo a liberação de recursos a serem utilizados nas atividades operacionais das empresas;
  • O IPTU cujo recolhimento foi suspenso seria pago no exercício de 2021, em 12 parcelas, sem multa e juros;
  • Redução para o IPTU de 2021, em, pelo menos, 30%.

2) ISS – Suspensão de pagamento, pelo menos para as apurações até 31/12/2020;

  • Tal medida tem por objetivo a liberação de recursos a serem utilizados nas atividades operacionais das empresas;
  • O ISS cujo recolhimento foi suspenso seria pago no exercício de 2021, em 12 parcelas, sem multa ou juros;
  • Entrega das obrigações órias até janeiro de 2021, sem a cobrança de penalidades por atraso.

3) Refinanciamento de impostos municipais, com redução de multa e juros, pendentes de pagamento até 29/02/2020, como forma de recomposição do caixa dos municípios que aderirem ao pleito;

4) Suspensão de prazos processuais istrativos e tributários;

5) Prorrogação automática, por 6 meses, dos prazos de vencimento e/ou renovação de expedição das Certidões Negativas de Débitos e/ou Positivas com Efeitos de Negativa, no âmbito municipal.

Acreditamos que tais medidas colaboram sobremaneira para a saúde das milhares de empresas e dos milhões de trabalhadores que se dedicam diariamente em suas funções, para desenvolver o Brasil. Juntos, atravessaremos este período ímpar com folego para cuidar das cicatrizes e voltar a fazer o país crescer.

Contamos com o apoio essencial da sua Prefeitura.

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5 COMENTÁRIOS

  1. […] A decisão do prefeito André Granado (MDB) vem após um ofício da vereadora Gladys Nunes (Republicanos). Segundo a Prefeitura, “Estas medidas visam aliviar a carga de pagamentos da população, neste momento de incerteza econômica“. A decisão vale para imóveis residenciais e comerciais, e vem no embalo onde uma grande mobilização da sociedade civil, o que já está ocorrendo também na Capital, conforme noticiamos hoje. aqui no DIÁRIO. […]

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