O G.R.E.S. Acadêmicos do Salgueiro anunciou, nesta quarta-feira (21/5), o enredo que levará à Marquês de Sapucaí no Carnaval de 2026. Com o título “A delirante jornada carnavalesca da professora que não tinha medo de bruxa, de bacalhau e nem do pirata da perna-de-pau”, a escola prestará uma homenagem inédita à carnavalesca Rosa Magalhães, reconhecida como um dos maiores nomes da história do carnaval brasileiro.
A apresentação aconteceu no barracão da escola, na Cidade do Samba, e reuniu amigos, iradores e grandes personalidades do universo do samba. Estiveram presentes os jornalistas Leonardo Bruno e Fábio Fabato; o historiador Luiz Antônio Simas; a professora e escritora Rachel Valença; o comentarista e carnavalesco Milton Cunha; o diretor de carnaval da Liesa, Elmo dos Santos; além do intérprete oficial do Salgueiro Igor Sorriso.
Com um enredo que promete emocionar e encantar, a proposta é conduzir o público por uma fábula inspirada na trajetória criativa de Rosa. O desfile partirá da mágica biblioteca onde a artista iniciava suas pesquisas e, ao longo do caminho, trará personagens dos contos de fadas, da cultura indígena, do folclore brasileiro e da história europeia, até culminar em uma grande celebração em homenagem à maior campeã da Sapucaí.
Responsável pela criação do enredo, o carnavalesco Jorge Silveira divide a com o curador Leonardo Antan. A equipe também é composta por Ricardo Hessez e Allan Barbosa. Para Silveira, a homenagem é uma oportunidade de traduzir a genialidade de Rosa para o público do carnaval.
“Rosa foi o maior nome que a cultura carnavalesca brasileira produziu. Com sua generosidade artística e humor inteligente, nos guiou por um universo fantástico. Artista definitiva, espelho da alma antropofágica brasileira. Em 2026, o Salgueiro, honrosamente, encerra os desfiles carnavalescos convidando todo o mundo do samba a celebrar a obra da maior de todos nós“, comenta.
O legado de Rosa Magalhães
Com uma carreira consagrada, Rosa Magalhães foi uma das carnavalescas mais respeitadas e premiadas do país. Artista plástica de formação, atuou como professora na Escola de Belas Artes da UFRJ e deixou sua marca com enredos criativos, rigor histórico e estética refinada. Seu estilo combinava elementos do barroco com influências da arte contemporânea, e seus desfiles são lembrados pela riqueza visual e criatividade narrativa.
A ligação com o Salgueiro começou nos anos 1970, quando integrou a equipe criativa de mestres como Fernando Pamplona e Arlindo Rodrigues. Em 1971, participou do histórico desfile “Festa para um rei negro”, ao lado de Joãosinho Trinta, Lícia Lacerda e Maria Augusta. Rosa voltou à escola como carnavalesca principal nos anos de 1990 e 1991, conquistando um terceiro lugar e um vice-campeonato com os enredos “Sou amigo do rei” e “Me masso se não o pela Rua do Ouvidor”.
Com oito títulos no currículo — por escolas como Império Serrano, Imperatriz Leopoldinense e Unidos de Vila Isabel —, Rosa foi também responsável pela direção artística da cerimônia de abertura dos Jogos Pan-Americanos de 2007, trabalho que lhe rendeu um Emmy Internacional.
Seu legado permanece vivo nos sambistas, nas escolas de samba e agora será eternizado pela Academia do Samba, que encerrará as apresentações da terça-feira de carnaval, no dia 17 de fevereiro de 2026.